Para ex-dirigente
da sigla, uso de algemas e regime fechado foram excessos que agora mobilizam
militantes contra o STF
Para o professor de história contemporânea na
Universidade Federal Fluminense (UFF) e ex-presidente do PT fluminense, Daniel
Aarão Reis, não faz sentido os ex-dirigentes petistas condenados no processo do
mensalão se dizerem presos políticos. "Eles estão mais para políticos
presos", disse ele ao Estado. Fundador do PT no Rio, Aarão deixou o
partido em 2005, pouco antes de o escândalo vir à tona.
Os
ex-dirigentes petistas presos se dizem presos políticos. Cabe o termo?
A reclusão no regime fechado e o uso de
algemas no avião foram atitudes mesquinhas. O ministro da Justiça, que é o
chefe da Polícia Federal, devia ter atuado nesse processo. Dito isso, eles
estão mais para políticos presos do que presos políticos. Não dá para
caracterizá-los como presos políticos.
Por
quê?
Não faz sentido. O termo "preso
político" se aplica quando você combate politicamente um governo ou um
regime. O José Dirceu e o José Genoino não foram presos porque combateram o
regime. Pelo contrário: eles estavam exercendo o poder dentro do governo.
Primeiro
o PT decidiu manter distância dos réus do mensalão. Depois do recolhimento na
Papuda e dos problemas de saúde de Genoino, o cenário mudou e o partido se
manifestou. Como o sr. avalia essa mudança?
Eu não me surpreendi quando o PT não se
manifestou. Isso implicaria um risco eleitoral. Foi mais uma evidência do
profundo eleitoralismo que foi progressivamente envolvendo o partido. O
objetivo é ganhar eleições a qualquer custo, mesmo que isso exija o sacrifício
de dirigentes. Eles só se manifestaram agora porque houve exageros na prisão e
isso chocou a opinião pública. Agora o PT tem respaldo para protestar.
Como
explica o fato do Lula ter passado incólume por todo esse processo do mensalão?
As pessoas sabem do envolvimento dele, mas
não dão um grande valor a isso. É insano o Lula não estar nesse julgamento.
Isso desafia o bom senso. Ele devia se apresentar e assumir sua
responsabilidade. Lembremos que esse escândalo estourou vocalizado por um homem
de quem o Lula se dizia amigo.
Acredita
que José Dirceu, mesmo preso no regime semiaberto, continuará sendo uma
referência e uma liderança do PT?
Ele tem futuro no partido. A carreira
política dele não está abortada. Não vai recobrar aquele prestígio que tinha antes
do escândalo, mas se manterá como um quadro político atuante. Mas de uns tempos
para cá, o Dirceu assumiu posições à esquerda da linha geral do PT. A posição
de vítima atrai simpatias e mobiliza os fiéis do PT.
Rui
Falcão foi reeleito presidente do PT no Processo de Eleição Direta (PED) com
70% dos votos, um recorde. Como o sr. avalia essa vitória?
O PED é algo muito positivo, mas faz muito
tempo que esse eleitoralismo do partido refletiu nas suas eleições internas,
que têm sido objeto de acusações de fraude e aliciamento de eleitores na forma
mais tradicional da política brasileira. Dão camiseta, lanche e transporte. Não
há nenhuma liderança petista, por mais conservadora que seja, que não reconheça
que o partido se burocratizou em uma velocidade inquietante. Há muitos anos as
convenções do PT são formadas por assessores de deputados ou funcionários da
máquina partidária. O partido vive um processo interno de esclerosamento.
Quando eu era presidente do PT (fluminense), vários dirigentes zonais foram eleitos
com votos evidentemente fraudados.
O
ex-presidente Lula entrou pela primeira vez de cabeça em uma eleição interna do
PT para eleger o Rui Falcão. Por que essa preocupação nesse momento?
O ex-presidente Lula precisa de um partido
muito fiel e disciplinado. E isso ele consegue com o Rui Falcão que, aliás, é
um aliado histórico do José Dirceu.
Publicado no Estadão no dia 23/11/2013
Um POBRE injustiçado, tende á aceitar com bem mais facilidade uma injustiça cometida contra ele. E pelo viés de um único Juiz....
ResponderExcluirEnquanto um RICO e PODEROSO fará o máximo para não ACEITAR essa justiça na vida!
Nem que seja por um conselho supremo de Juizes....
O Brasil era famoso por ter políticos corruPTos agora fica na história por ter partido corruPTo e agindo como uma quadrilha para com o dinheiro do povo comprar oposição e imprensa. Mas quem vai condenar de fato esse mal da história do Brasil é o povo em 2014
( Raquel Santana )