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A PASSIVIDADE DE UM POVO E SUAS CONSEQUÊNCIAS | Por: Enaldo Brito e Zé Aldo Rabelo

Hoje, se alguém tem um mal súbito ou mal-estar sério de saúde, deve ser conduzido rapidamente para outros chãos, como Euclides da Cunha, Tucano, Ribeira do Pombal, Feira de Santana, Salvador e, até, Aracaju.


Como que pode suportar passivamente os nossos jovens alunos irem diariamente buscar o conhecimento noutra cidade sob condições tão precárias e desrespeitosas?


O Brasil é, notadamente, um país problemático em muitos de seus rincões, em especial no que diz respeito à política e seus protagonistas. E não é de hoje!!

Vivenciamos, diuturnamente, com notícias e mais notícias nos dando conta de desvios de verbas públicas, malversação de dinheiro público, experimentando, amargamente, dos dois modelos de improbidade administrativa: A IMPROBIDADE POR GRAVE DESONESTIDADE e A IMPROBIDADE POR GRAVE INEFICIÊNCIA.

Muito se reclama das ações e omissões dos políticos que nos representam nos poderes executivos e legislativos, especialmente dos chefes dos executivos, como prefeitos, governadores e presidentes da república. Nota-se que a figura do executivo é posta em maior evidência, fazendo com que tenhamos uma representação personalista e caricatural.

Mas não devemos esquecer é que dentre os atores políticos que nos representam, grande parcela de poder está entregue em mãos do legislativo, nas três esferas de governo: Vereadores (no âmbito municipal), Deputados Estaduais (no âmbito de cada estado da federação) e Deputados Federais e Senadores (no âmbito da União), e que a melhor maneira de o povo promover a uma reforma política mas eficiente é renovar as diversas casas legislativas, onde predominam e remanescem velhos protagonistas oriundos ainda das antigas Capitanias Hereditárias, desde os tempos dos títulos de nobreza, como barões, marqueses, condes, viscondes, duques... comendados pela antiga Coroa Portuguesa, cuja prática se prolongou pelo período imperial.

Um dos pontos vulneráveis do brasileiro tem sido a podação do seu acesso às cadeiras das ciências, o que tem enfraquecido, quiçá assassinado, qualquer possibilidade de o brasileiro debater conscientemente este tão enredado tema que é a política como instrumento de construção social.

Temos sido, por muito tempo, tolhidos de direito elementares, mas, convenhamos, também temos nos comportado de maneira muito subserviente perante aqueles que nos representam, quando a lógica deveria ser a inversa.

São os representantes que têm que 'comer milho' na mão do povo, e não o contrário, como corriqueiramente ocorre.

No nosso mais particular caso que nos afeta, QUIJINGUE, as coisas não são diferentes.


Sabemos que há lugares no Brasil em situação mais periclitante e humilhante do que a que o nosso QUIJINGUE vivencia. Entretanto, não devemos tomar como paradigma comparativo lugares hostilizados pela história passada e presente. Devemos ter como referência lugares onde a participação popular tem provocado verdadeiras mudanças de comportamentos, lugares onde o respeito às regras e ao próprio sentido de cidadania é tido como basilar para a construção de uma sociedade reta e ordeira, onde as pessoas se sentem protegidas e protetoras, amantes e amadas, cuidadoras e cuidadas, dividindo e multiplicando.

Há um velho jargão no sentido de que ‘O POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE’, e que os governantes são frutos de um povo e que traduzem, em linhas gerais, ressalvadas as devidas particularidades, a exata dimensão das sociedades que os escolhem.

Obviamente, como em toda sociedade, seja grande ou diminuta, sempre há que se perceber e separar o joio do trigo, mas ‘QUEM COM OS PORCOS SE MITURA, FARELO COME’!

Em QUIJINGUE não tem hospital que digne a nomenclatura que ostenta; nem as escolas que sirvem de trilha para os seus cidadãos já não mais existem! Depois da morte por asfixia do nosso CEAQ (na Sede) e do CESC (EM Algodões), os ensinos fundamental II (antigo ginásio) e médio (antigo segundo grau) entraram em derrocada, chegando ao caos em que se encontra atualmente.

Hoje, se alguém tem um mal súbito ou mal-estar sério de saúde, deve ser conduzido rapidamente para outros chãos, como Euclides da Cunha, Tucano, Ribeira do Pombal, Feira de Santana, Salvador e, até, Aracaju.


Os novos QUIJINGUENSES que cursam o ensino médio, e alguns o ensino fundamental, migram diariamente, numa viagem de ida e volta, para Euclides da Cunha. Alguns outros estudam mais longe, e tornam a terra natal em períodos mais espaçados: um vez por mês, por semana...

O que não dá mais para entender é o comportamento passivo do povo, especialmente da massa jovem, a maior prejudicada pelos descasos, em aceitar tão silenciosamente o modo como nos tratam. Ora, se a única estrada que liga QUIJINGUE ao mundo é a BA-381, por que cargas d’água é que não se vê um movimento incisivo com vista à resolução da deficiência?

Se doente precisa ser transportado para outra cidade, ainda que seja Euclides da Cunha, o município mais próximo, como resistirá o pobre cristão a tantos solavancos dos borrocões, cacimbas e crateras do asfalto?

Como que pode suportar passivamente os nossos jovens alunos irem diariamente buscar o conhecimento noutra cidade sob condições tão precárias e desrespeitosas?

Não dá para compreender como um governo local, alinhado politicamente com os governos estadual e federal, ainda permitir que o povo que representa – e a si próprio, inclusive – seja submetido a condições desumanas como esta.

Notem que os próprios governantes ou representantes de governos se submetem a essas condições precárias de estrada ruim. Isso já na segunda década do século XXI!!! Dá pra crer numa marmota desta? 

Mas alguém pode vir e dizer: “A estrada que liga Euclides da Cunha a Monte Santo também está abandonada, e as duas cidades têm até deputados de lá’!

Como dito, não devemos tomar por mira o mau exemplo. Por aí já se mede o grau de comprometimento dos ditos ‘deputados’!!

Será que os governantes – e aqui nos referimos ao Prefeito e Vereadores, bem como aos deputados e senadores que representam este povo – não são incisivos e convictos daquilo que reivindicam? Ou não reivindicam?

Inaceitável que carros oficiais trafeguem por tão desgraçada estrada e seus ocupantes não percebam o mal que ela causa aos seus transeuntes!

Então, a nossa reclamação não é somente em razão de ações equivocadas ou de omissões importantes dos agentes públicos. Reclamamos também da parcimônia e passividade do próprio povo alcançado pelas mazelas do esquecimento.

Como é que abrimos a boca para falarmos mal dos políticos, se, quando temos a oportunidade, nos comportamos do mesmo modo?

Como é que reclamamos da falta de limpeza pública, se somos os primeiros a jogar lixo nas ruas e bueiros?

Como podemos reclamar de desonestidade, se atuamos com espertezas na realização de negócios?

Pois, saibamos todos, o POVO é principal ator da política pública, e precisa saber do papel relevante que deve desempenhar. Se o povo é mórbido, o seu governante agirá com morbidez. Se o povo atua com altivez e voz resolvida, o seu governante tende a tocar na mesma nota.

O termômetro do bom governo é um povo atuante e antenado com as necessidades que afetam a todos. Cada pessoa, mesmo considerando as suas necessidades individuais, precisa despertar em si e desenvolver a sua função social, comportando-se como uma peça do conjunto, que é a sociedade da qual faz parte e dela deve participar!

É chegada a hora de o POVO tomar o seu papel de protagonista, deixando de ser um mero figurante deste triste quadro!

Saudações Quijinguenses!!

Por:
Enaldo Brito e Zé Aldo Rabelo

2 comentários:

  1. Belissimo texto, pena que nossa população nao se acorda para os descasos que assolam nossa cidade!

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  2. Parabéns Zé Aldo, uma pessoa que apesar que pra viver teve que saio de sua terra e venceu!!!! Mas nunca deixou a sua raízes que moram aqui no Município de Quijingue e bem mais preciso ALGODÕES...........
    Sei que podemos contar com você e sua família em aspecto de solidariedade!!!!!! e entre outros assunto de um verdadeiro CIDADÃO, Agradeço em nome dos Algodoenses !!!
    A sua casa esta de braços aberto pra você e família.
    Que DEUS te abençoei e te ilumine os seus passos..

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