Um grupo de jovens que faz parte do projeto
teatral Farinha Seca, em Quijingue, escolheu a audiência pública pró- criação
da Universidade Federal do Nordeste da Bahia realizada nesta sexta-feira (11)
em Tucano como cenário para fazer uma denúncia contra o descaso da prefeitura
de Quijingue com o grupo.
Organizados entre a multidão, os
jovens-atores aguardaram o secretário de educação do município onde moram fazer
uso da palavra e levantaram cartazes com dizeres “A Prefeitura de Quijingue apoia
a UFNB mas não apoia o teatro. Vergonha”; outro dizia “Indignação!! Jovens de
Quijingue denunciam a falta de apoio a cultura e educação pela prefeitura”.
Em entrevista para o Portal Tucano durante a
manifestação, representantes do grupo disseram que a prefeitura cortou o apoio
que dava ao projeto, atrasou pagamento de jovens e deixou dívidas que deveriam
ser pagas pela gestão municipal sem quitar. “Além de tudo que a prefeitura fez
com a gente no ano passado com atraso salarial, ela também não pagou a conta da
festa que a gente produziu no ano passado. Nós temos agora uma dívida de R$ 2,5
mil que a prefeitura deixou no nome do Cleilton, que é o nosso facilitador, e
agora vamos produzir uma festa para arrecadar dinheiro, para pagar essa festa,
porque a prefeitura não teve o comprometimento de pagar estas notas fiscais”,
informou Elissan Brito, 17, integrante do Farinha Seca há seis anos.Segundo
Elissan Brito, algumas pessoas estavam dizendo que o rompimento com a
prefeitura era por motivos políticos. “Nós somos um grupo apartidário, nós não
temos partido político e não levantamos bandeira. A gente defende a arte, a
gente defende a educação como um meio de transformação. O grupo não vai
terminar, ele vai continuar”. Segundo ela, para o grupo não acabar eles
buscarão patrocínio e cada integrante passará a contribuir para que eles possam
arcar com o aluguel de um espaço, transporte do diretor do grupo e outros
custos antes mantidos pela prefeitura.
Segundo outro membro do grupo que preferiu
não se identificar para não sofrer retaliações na família, o prefeito cancelou
o contrato com o grupo porque não reconhece o valor do trabalho realizado.
“Está acontecendo a desvalorização do teatro, a forma como a gente está sendo
desprezada e por tudo que a gente fez, pelo nome que a gente já levou de
Quijingue a outras regiões, que antes era desconhecido e agora Quijingue é
conhecido com um dos maiores polos de teatro amador da Bahia. Nós vamos
continuar com o apoio da população, nós não queremos criar mais nenhum vínculo
com a prefeitura”, disse.
Questionado pelo Portal Tucano sobre o motivo
do rompimento e falta de apoio, ele foi taxativo. “Eu acredito que foi falta de
responsabilidade do gestor, de toda a sua direção, da secretaria de cultura,
porque vinha faltando pagamento de mês em mês do projeto, porque o projeto tem
que ter pagamento, vinha faltando e chegou um tempo que não deu mais para
segurar, é muito custo, o professor vem de outra cidade par dar aula à gente”,
desabafou.
O projeto Farinha Seca funciona em Quijingue
há oito anos e hoje atende 70 pessoas, incluindo estudantes de escolas
públicas. Segundo informações do grupo, o maior objetivo é tirar crianças,
adolescentes e jovens das ruas e mostrar que o teatro é uma forma de viver e
uma forma de sair da criminalidade.
Em nota divulgada no final da tarde desta
sexta-feira (11) em rede social, a prefeitura de Quijingue diz lamentar o
anúncio do fim da parceria com o projeto e que a administração valoriza e
reconhece a importância do trabalho desenvolvido pela companhia teatral nos
últimos anos. Segundo a nota, a decisão de rompimento partiu do Farinha Seca,
informação contestada pelo grupo.