Há algum tempo fui convidado pelo Profº Ginvaldo para contribuir com este blog. A sugestão era que escrevesse livremente sobre algum tema que considerasse pertinente para uma formação pessoal e coletiva, dos que, eventualmente, acessam o blog. Sendo assim, penso ser conveniente seguir a própria identidade do mesmo – a dimensão política. Evidentemente, para se falar do contexto político atual, analisando de forma crítica a “política” municipal, estadual e nacional, se faz necessário compreendermos o que é a POLÍTICA? Por que ela existe? De onde vem? Qual a sua forma inicial? Como se configurou da forma que a conhecemos hoje? Por isso, quero propor a você LEITOR, uma série; uma espécie de episódios do processo percorrido pela política até chegarmos ao momento presente. É claro que, só os que realmente se interessam pelo assunto o acompanharão fidedignamente, contudo, prometo àquele que o fizer irá se tornará bem mais crítico, politicamente falando. Mas, a proposta é abrirmos nossa mente, cheia de “PRÉ-CONCEITOS”, formados ao longo da nossa vida, que nos impede de vermos a política como ela realmente é. Você entenderá o que digo já nesse primeiro ensaio.
POLÍTICA, PARA QUÊ?, por Ivan carlos
Há algum tempo fui convidado pelo Profº Ginvaldo para contribuir com este blog. A sugestão era que escrevesse livremente sobre algum tema que considerasse pertinente para uma formação pessoal e coletiva, dos que, eventualmente, acessam o blog. Sendo assim, penso ser conveniente seguir a própria identidade do mesmo – a dimensão política. Evidentemente, para se falar do contexto político atual, analisando de forma crítica a “política” municipal, estadual e nacional, se faz necessário compreendermos o que é a POLÍTICA? Por que ela existe? De onde vem? Qual a sua forma inicial? Como se configurou da forma que a conhecemos hoje? Por isso, quero propor a você LEITOR, uma série; uma espécie de episódios do processo percorrido pela política até chegarmos ao momento presente. É claro que, só os que realmente se interessam pelo assunto o acompanharão fidedignamente, contudo, prometo àquele que o fizer irá se tornará bem mais crítico, politicamente falando. Mas, a proposta é abrirmos nossa mente, cheia de “PRÉ-CONCEITOS”, formados ao longo da nossa vida, que nos impede de vermos a política como ela realmente é. Você entenderá o que digo já nesse primeiro ensaio.
11 comentários:
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Legal Ivan, creio que o entendimento para aqueles que dizem não gostar de Política está evidente, e que realmente precisamos resgatar o real sentido da Política na sua concepção etimológica da palavra.
ResponderExcluirabss
Exatamente, Bruno. Mas, além de resgatarmos a compreensão teórica - que é imprescindível - precisamos rever a prática política. Por isso, é possível olhar para os gregos e rever como podemos melhor a nossa.
ExcluirAbraços.
Muito bom o texto. Bem didático. Aguardo os próximos
ResponderExcluirConcordo no que diz respeito o sentido do termo política. Agora se tratando do nosso país ainda estamos engatinhando em muitos aspectos, sobretudo no que diz respeito a esse tema. Porém, aparentemente todo esse processo que ocorre na Antiga Grécia é muito bonitinho, quando na verdade, foi de lá que herdamos muito do caos que assistimos atualmente, e não só na política.
ResponderExcluirA idéia da Ágora é fantástica, mas quem eram os cidadãos (politikos) que estavam destinados a esse privilegio? Se os cidadãos são todos politkos, porque somente alguns, especialmente os atenienses podiam exercer funções, das quais eram necessário “terno, gravata e um gabinete”? Quais funções estavam destinadas aos escravos, estrangeiros e mulheres? Se politikos somos todos nós, esses na Antiga Grécia eram o que? E hoje quem são os “escravos e estrangeiros” na sociedade brasileira? E a mulher brasileira que só teve direito ao sufrágio na Era Vargas, de onde se herdou tudo isso?
Embora considere bastante o ponto de vista filosófico, mas o que pregava a filosofia em relação aos outros cidadãos? Até onde eu sei, eram os filósofos quem deveriam fazer o governo das Cidades-Estados, pois eram os sábios, podendo por assim dizer, viver numa ociosidade do bem. O próprio Aristóteles diz que o homem é um animal essencialmente político, ou seja, independe de exercer uma função na política para termos consciência de nosso papel cidadão. Mas ninguém nasce sabendo de nada disso, precisa-se da educação, porém, quem eram os cidadãos que tinham direito a educação na Antiga Grécia? E quem são eles no Brasil, na Bahia e em Quijingue?
Porventura, não foi o próprio Aristóteles quem disse que havia de ter gente para tudo, inclusive os alfaiates para produzir seus sapatos, bem como os escravos para sustentar uma minoria e lutar nas guerras? Será se isso significa que devemos nos acostumar com a divisão de classe? Com as disparidades que enfrentamos diariamente, e temos que com ela conviver mesmo compreendendo o verdadeiro sentido da política? E atuando como cidadão político? E ai? Esclareça pra nós Teacher.
Continuando:
ExcluirPor fim, indagamos: Por que após séculos e as mudanças que ocorrera de lá pra cá, ainda trazemos em mente que políticos são somente aqueles que exercem um cargo público? De onde tiramos essa idéia? Pior, porque ainda não compreendemos que os políticos são nossos funcionários, e não os deuses do Panteão grego?
Meu caro "Anônimo", antes de qualquer coisa, gostaria de lhe pedir um grande favor, assine seus comentários, pois gostaria muito de saber com quem estou dialogando. Nem precisa fazer o cadastro no blog, mas exponha seu nome ao final do comentário. Penso que seja mais coerente saber com quem se dialoga.
ExcluirConfesso a você que estou maravilhado com seu comentário e nos abre vias de discussão muito importantes. Então vamos lá.
A princípio quero lhe esclarecer que estamos partindo de um viés teórico para aprimorarmos a nossa prática. A perfeição parece utópica, mas a evolução é um processo possível e inevitável. Acredito que você foi um pouco “irônico” ao usar a expressão “na Antiga Grécia é muito bonitinho”. A questão não é essa. Nessa resposta você me obriga a antecipar boa parte da argumentação que havia pensado nessa “série” de discussões sobre política. Por isso, vamos amadurecendo nossos entendimentos. De fato a política Grega era excludente, contudo, mais por uma questão cultural e epocal do que por princípios desumanos, apesar que a humanidade, a meu ver, será sempre desumana nesse difícil processo de amadurecimento. A questão é o que podemos aprender com o que outras civilizações e tempos já viveram. Passamos de uma democracia direta para uma representativa e o que conseguimos amadurecer? Quais problemas conseguimos resolver? Não foram os gregos que nos legaram os problemas que temos até hoje, fomos nós mesmos que não conseguimos aprender com o erro dos nossos antepassados. Se hoje todos somos os cidadãos é porque conquistamos isso a partir do que eles nos legaram. Se não assumimos o status de cidadãos – “ainda” – é porque não queremos, não nos interessamos, somos acomodados, individualistas e, porque não, insensatos! Os escravos, estrangeiros e mulheres de hoje somos todos nós, quando colocamos nossos representantes no poder e esquecemos que eles são nossos funcionários, de que somos nós que pagamos seus salários, de que podemos exigir que eles façam um bom trabalho, e ao fazerem um péssimo trabalho, podemos demiti-los. Até entendo a ideia de Platão e Aristóteles (apesar de ter minhas objeções) quando dizem que há na sociedade um papel definido para cada cidadão, mas, mesmo que fosse assim, cada cidadão, hoje especificamente por todos terem mais acesso às informações, têm o dever e o direito de conhecer sua condição política nessa sociedade, condição de atuação direta, tanto pelo voto, como pela reivindicação de seus direitos. O problema da divisão de classes é sem dúvida milenar e não se resolve somente com teorias, mas de uma coisa tenho plena certeza, quanto mais libertamos nossas consciências desse anestesiamento político, dessa falta de instrução e dessa anarquia ética, mais conduzimos nossa humanidade para um Fim esperado, como dizia Aristóteles. Fim esse que é a Felicidade, não enquanto sentimento ou vivência temporal, mas enquanto condição de vida humanizada. Voltaremos a esse termo mais a frente em outros ensaios. Em hipótese alguma devemos nos acostumar com a opressão, a divisão de classes, a exclusão. Daí o sentido dessas minhas discussões. Precisamos evoluir juntos meu amigo e só o conhecimento nos possibilita isso. Quem luta por algum objetivo sem saber o que ele é? Por que lutar por ele? O que se almeja com esse objetivo? Precisamos aprender a aprender, mas também aprender a ensinar.
Quanto às suas últimas indagações, peço que tenha um pouco de paciência para que eu possa responder-lhe, pois pretendo fazer um itinerário histórico, antes, para então compreendermos o que somos hoje e porque somos assim.
Abraços.
Muito interessante!
ResponderExcluirVALEU MESTRE IVAN!!!
ResponderExcluirentão de certa forma, se estamos tentando evitar o assunto sobre a politica nós estamos perdendo nosso direito de cidadão?
ResponderExcluirpois como você disse os politikós reuniam-se em praças para discutir sobre oque a cidade precisa e tals.. ou seja discutir sobre a politica
Exatamente meu caro "anônimo"! (Peço que também assine seus comentários, para que possamos dialogar com mais propriedade) Quando nos isentamos do assunto política, quando nos esquivamos das responsabilidades políticas perdemos nosso direito de cidadão. Não porque deixamos de sê-lo, mas porque não é possível ser cidadão sem ser político. Se não aceitamos nossa condição de políticos rejeitamos nossa condição de cidadãos para sermos "escravos, estrangeiros e mulheres" que como bem disse o amigo anônimo acima, era normal entre os gregos estes serem excluídos. Hoje estes não são excluídos, eles se excluem. Nossos antepassados não lutaram para que todos tivéssemos liberdade para a jogarmos fora por uma questão de "não gostar". É preciso conscientizar as pessoas que elas são livres e agentes ATIVAS na sociedade. Hoje, mais do que nunca, acredito que nossa Ágora é a nossa própria consciência, onde podemos discutir política livre e libertária.
ResponderExcluirAbraços.
Gostaria de apresentar uma contribuição nesta discussão:
ResponderExcluirPrimeiramente quero agradecer ao professor Ivan Carlos por ter aceitado o convite para fazer parte deste espaço que se constitui em um instrumento de discussão: que é o blog. Segundo, gostaria de parabenizar pelo excelente texto e dizer, de antemão, que estaremos esperando por outros.
A minha contribuição é a seguinte:
No primeiro comentário (autor anônimo), percebe-se certa ironia quanto à filosofia grega (como bem observou, Ivan), considerando-a ineficaz e que existiria apenas no campo da teoria, a qual seria a responsável por nossa herança política (mazelas, dominação, etc). Uma boa questão. Mas, pelo tanto de questões levantadas no comentário do ou da nobre, eu diria que demanda muito tempo para a gente debater sobre cada uma das questões. Mas, vou buscar abordar sobre uma: o desenvolvimento da democracia pelos gregos.
Antes de qualquer coisa, é bom que entendamos que o surgimento da polis na Grécia Antiga não foi uma invenção a priori, ela surge com o exercício da racionalidade, do debate e das discussões sobre os problemas sociais, pois os agrupamentos se alargavam e os problemas sociais ficavam cada vez mais visíveis às pessoas. As desigualdades e o exercício do poder começam a receber uma maior atenção pelos pensadores, intelectuais, letrados, sábios ou filósofos (como queiram definir). Não que a racionalidade não existia, mas o saber mítico, até então, era quem “dominava”, respondia aos anseios das pessoas e apontava as direções a serem seguida pelo grupo (que já se tornava grande). Ou seja, as autoridades religiosas que se encarregavam de explicar a realidade e decidir sobre o destino das pessoas, já não conseguiam “convencer, dominar” aqueles que desconfiavam da autoridade divina, como forma de explicação da realidade. Com o desenvolvimento da racionalidade, essa forma de entender a realidade é substituída pela decisão racional.
Eu diria que a democracia grega, pensada pelos primeiros filósofos clássicos, ainda não teve a sua efetiva concretização. Mas, digo mais: ela ressurge, na contemporaneidade com a ética discursiva, de Habermas. A ética na polis grega, se parece muito com a ética discursiva, na qual a moral dos indivíduos (ou mesmo, o agir em sociedade) deve ser o resultado da discussão, do debate, da apresentação dos argumentos e do consenso.
Sobre a questão do exercício do poder na polis, fica para um próximo comentário.
Abraço